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Estiva do Navio Negreiro Brooks

Reflexão

Estiva do Navio Negreiro Brooks

  • Proveniência Cartazes, folhetos e panfletos da América e da Europa
  • Autoria Plymouth Chapter of the Society for Effecting the Abolition of the Slave Trade
  • Data 1788
  • Fonte Library of Congress USA
  • Associação

Publicado pela Sociedade pela Abolição do Tráfico de Pessoas Escravizadas (Society for Effecting the Abolition of the Slave Trade), como resposta à publicação do "Slave Trade Act" de 1788, que determinou, pela primeira vez, a quantidade máxima de pessoas escravizadas que podiam ser colocadas a bordo de um navio negreiro britânico. Durante este período, era já discutida questão ética da escravatura, pondo em pauta não só o ato em si, como as condições desumanizantes a que as pessoas escravizadas eram submetidas durante a viagem transatlântica.





Os navios negreiros são a embarcação esquecida dos livros de história portugueses, uma vez que todo o destaque é dado à caravela - símbolo da "epopeia heróica" do colonizador. Mas para que o império português se realizasse, milhares de pessoas foram capturadas, escravizadas e traficadas pelo Atlântico, em nome do lucro.


Esta viagem podia demorar meses e, durante esse período, as pessoas escravizadas eram acorrentadas umas às outras, presas na parte inferior da embarcação, sem espaço para se mexerem e sem acesso a condições dignas de vida. A alimentação e a limpeza era escassa, o que tornava habitual as doenças que se proliferavam.

As revoltas nos navios negreiros eram comuns, ainda que pouco documentadas (o registo da "História" fica limitado ao poder do colonizador), e o suicídio dos escravizados era, maior parte das vezes, a única forma possível de resistência e de escapar aos horrores da viagem a bordo do navio negreiro.



Ainda hoje, na maioria dos livros de história portgueses, as pessoas escravizadas são mencionadas enquanto "mercadoria" transportada, dando continuidade a uma narrativa desumanizante e colonial, que ignora uma vez mais a história de sofrimento e luta das pessoas escravizadas e seus descendentes.


Estima-se que 5.8 milhões de pessoas originárias de territórios africanos tenham sido escravizadas e traficadas, só entre traficantes portugueses e brasileiros, sendo estes responsáveis pelo maior número de vítimas do tráfico transatlântico.